Canção do Exílio
Interpretação diferente?
Solange Fischer Bernardino
Personalidades como Luíz Inácio de Loyola, Torquato Neto, Ronaldo Bastos, Rudyard Kipling e até Albert Einstein - este último menos conhecido por suas incursões literárias, nos honraram com sua presença no nosso último encontro, através da leitura ou declamação de um de seus contos, poemas ou citações pelos presentes.
Um poema de Gonçalves Dias, entretanto, literalmente desencavado dos bancos escolares da geração de muitos de nós, levou-nos a uma reflexão interessante.
Quando Ademir da Silva mencionou o título "Canção do Exílio”, alguns de nós tínhamos apenas uma vaga lembrança de como era. Mas foi só ele começar a leitura e tudo veio à tona.
Uma reeleitura atenta de "Canção do Exílio”, levando-se em conta detalhes da biografia de Dias, fez com que o poema surtisse para nós um efeito totalmente inesperado naquele momento.
Especialmente por todos do grupo vivermos hoje numa situação semelhante a de Dias naquela época, distante da nossa terra natal, experimentamos, digamos assim, uma identificação unânime, quase que direta com o tema.
Embora não nos encontremos num exílio forçado, vimos nossos sentimentos refletidos em versos tão aclamados como “Minha terra tem primores, que tais não encontro eu cá”, só para citar um exemplo.
Hoje, mais do que nunca, entendemos ao pé da letra o verdadeiro sentido dessas palavras, sem no entanto, deixar de admitir que, muitas vezes, só damos valor ao que nos é caro quando já perdemos ou que, por alguma razão, está longe do nosso alcance.